O mercado de Fusões e Aquisições (M&A) no Brasil em 2025 apresenta um cenário de contrastes. No primeiro trimestre, houve uma queda de 3% no volume de transações e 24% no capital mobilizado (Aon/TTR Data). No entanto, espera-se uma mudança a partir do segundo semestre, com setores como energia renovável, agronegócio e infraestrutura se destacando como apostas estratégicas para investidores.
Cenário Atual: Volumes Menores, Ásia Mais Presente
Como de costume, o Brasil liderou o número de M&As na América Latina no 1º trimestre, sendo a maior economia da região. Entretanto, a liderança do Brasil este ano veio com valores menores. Investidores estrangeiros, responsáveis por 85% do volume movimentado em 2025 (Seneca Evercore), buscam negócios com vantagens competitivas únicas, como logística (portos, ferrovias) e energia renovável.
Não são simplesmente investidores estrangeiros que estão se destacando este ano — são os investidores do Leste Asiático. Aqui destaca-se a venda da Vast Infraestrutura (Prumo) para a China Merchants Port (CMP) (US$ 1,7 bi) e a entrada do fundo soberano de Cingapura (GIC) na Cimed.
Tendências para o Segundo Semestre: Infra & Agro
Leilões de transmissão e geração podem injetar até R$ 57 bilhões no setor (EPE), com participação de gigantes como Eletrobras, Eneva e CPFL. Na mesma esteira, o setor solar fotovoltaico já registrou alta de 25% nas transações no 1º trimestre (Greener), impulsionado por usinas de grande porte e soluções de armazenamento.
Na seara da agropecuária, movimentos como a entrada da Bunge na Belagrícola e a compra da Mantiqueira pela JBS (avaliação de R$ 1,9 bi) evidenciam a busca por escala e inovação. Startups de biotecnologia e crédito agrícola devem atrair capital, apesar do custo elevado do financiamento.
Por último, é importante notar que fundos de PE (private equity) estão com seus portfólios “inchados” (49% das empresas globais estão sob gestão desde 2020, PwC). Isso não é diferente aqui no Brasil, onde a expectativa é de mais vendas de ativos maduros, especialmente em saúde e educação.
Os Dois Lados da Moeda – Desafios e Oportunidades
A Selic elevada (14,25%) encarece o crédito e amplia a divergência entre preços de compradores e vendedores. Incertezas geopolíticas, como medidas protecionistas e eleições, podem frear decisões. Atrasos em leilões e concessões, como o Leilão de Reserva de Capacidade em 2024, alertam para a necessidade de segurança jurídica.
Do outro lado da moeda, o agronegócio brasileiro tem demonstrado potencial para se beneficiar do cenário global, com a guerra comercial entre EUA e China abrindo oportunidades para o Brasil aumentar as exportações de carne e grãos. O Japão, por exemplo, está em negociações para comprar carne bovina brasileira, e a China aumentou a compra de soja do Brasil. Isso pode gerar novos movimentos de fusões e aquisições no Brasil, especialmente envolvendo os países-destino de tais gêneros exportados.
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[Fontes: Relatórios da Aon/TTR Data, PwC Global M&A Trends 2025, Valor Econômico, Canal Solar, Greener e Bloomberg Línea.]